Entrevista: Paulo Biscaia Filho fala sobre A Macabra Biblioteca do Dr. Lucchetti

Rubens Francisco Lucchetti é um dos principais nomes da ficção de gênero. Com mais de 1.500 livros e HQs publicados e uma dezena de roteiros transformados em filme, o Papa do Pulp (uma alusão à literatura pulp, marcada pelas histórias simples publicadas em livros baratos, para serem lidos rapidamente), Lucchetti completou recentemente 87 anos.

Para homenagear esse mestre da literatura de horror, mistério e policial, a produtora Vigor Mortis criou o projeto "A Macabra Biblioteca do Dr. Lucchetti", que reúne peça teatral, HQ, curta-metragem baseados na obra do ficcionista, além de um documentário.

A peça teatral, que tem o mesmo nome do projeto, estreia nesta quinta-feira (20/4) em Curitiba, com várias sessões na cidade (no teatro Cia. dos Palhaços), todas esgotadas, até o dia 30 de abril. Em maio, o espetáculo se muda para São Paulo. Trata-se de uma história inédita, escrita pelo homem por trás da Vigor Mortis, Paulo Biscaia Filho, com base em personagens de Lucchetti, que mistura comédia, policial, mistério e elementos sobrenaturais.



A história em quadrinhos, Museu dos Horrores, se baseia no livro homônimo de Lucchetti, e começa a ser vendida por R$ 5 durante as apresentações. O documentário e o curta-metragem As Noites Diabólicas de Paula Clossidy, baseado no conto O Estranho Caso de Paul Clossidy, estreiam no dia 23 no canal da Vigor Mortis, na plataforma Vimeo.

O FICÇÃO TERROR bateu um rápido papo, pelo Facebook, com o autor e diretor Paulo Biscaia Filho sobre o projeto. Veja a entrevista:

FT: Você se lembra quando teve contato com a obra de Lucchetti pela primeira vez? Como foi essa experiência?
PBF: Primeiro através dos roteiros dos filmes do Mojica [José Mojica Marins, criador do Zé do Caixão] e do Ivan Cardoso, mais tarde fui descobrindo os livros.

FT: E como surgiu a ideia de fazer esse projeto da Macabra Biblioteca do Dr. Lucchetti?
PBF: Desde que comecei a comprar os livros diretamente com ele aqui pelo Facebook e vi a vastidão de seu universo e como ele se comunica sem barreiras com o nosso universo na Vigor Mortis.

FT: Lucchetti foi receptivo à ideia?
PBF: Completamente. E só melhorou depois. A próxima publicação dele, A Filha de Drácula [que será publicada em maio], já nos foi oferecido para uma futura produção de longa e já estamos correndo atrás. Lucchetti é um lorde. Nos recebeu em sua casa com um carinho que nos emociona e que abençoou todo o processo de criação desse projeto.

FT: Ele é mesmo uma simpatia. Além de obviamente ter dado a entrevista, ele chegou a participar diretamente da produção de alguma das mídias?
PBF: Não. Apenas escrevia para ele regularmente para contar o que estava acontecendo.

FT: Ele teve que aprovar alguma coisa antes da exibição/publicação?
PBF: Não. Ele nos deu carta branca, entendendo que nós compreendíamos bem suas obras, e nós entendemos isso como uma responsabilidade enorme para fazer o melhor.

FT: As apresentações da peça em Curitiba tiveram todos seus ingressos vendidos. Foi uma surpresa?
PBF: Sim, enorme. Principalmente por isso acontecer antes da estreia.

FT: Sobre a Filha de Drácula, vocês já estão trabalhando em alguma coisa para viabilizar o filme?
PBF: Sim. A Moro Filmes que é nossa parceira já está trabalhando na viabilização do orçamento do filme. A versão que será publicada a partir do mês que vem sofrerá alterações no roteiro. Principalmente no personagem de Van Helsing. Em vez de ser um descendente, será uma descendente de Van Helsing. Lucchetti adorou a ideia. Só não vai mudar na publicação por falta de tempo hábil, mas mudará para o filme. A atriz Camila Morgado já topou fazer a personagem.

FT: E Lucchetti terá alguma participação direta no roteiro do filme?
PBF: Sim, ele será o roteirista, claro. Eu, como diretor, só estou sugerindo alterações. Lucchetti é "apenas" o maior ficcionista, como ele prefere se proclamar, de literatura pulp do Brasil. Seu legado é inestimável.